quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

25 anos da União Recreativa do Cadafaz 1962-1987

PASSADO …
  O Regionalismo Goeinse, em cujo movimento se integra a união Recreativa do Cadafaz, ganha contornos no final da década de 20 início dos anos 30.
  Na sua génese está a elevada migração de goienses para Lisboa, que teve lugar na época, resultado da procura de melhores condições de vida nos centros urbanos, mais dinâmicos no processo de industrialização.
  A forma como se deu essa deslocação, marcada fortemente por laços familiares, criou assim núcleos significativos de goienses em bairros envolventes ao Porto de Lisboa, então em fase de expansão e grande centro empregador directo ou indirecto, o Bairro Alto, Alfama, Mouraria.
  É significativo que um inquérito recente, integrado no Projecto de Recuperação de Alfama promovido pela Câmara de Lisboa conclua que mais de 60% da população local tenha tido origens nos concelhos de Pampilhosa da Serra, Gois e Arganil. Vamos assim encontrar núcleos populacionais, importantes oriundos da mesma área geográfica o que permitiu a manutenção de uma forte coesão cultural, de uma identidade regional que acabou por ser determinante para formas de organização associativas (Casa da Comarca de Arganil, União Progressiva da Freguesia de Colmeal, Liga de Melhoramentos da Freguesia de Cadafaz), impulsionadas por elementos culturalmente e financeiramente mais desenvolvidos e em torno dos quais se gerava a migração, porquanto eram os conselheiros e muitas vezes o centro empregador das populações que abandonavam as aldeias, maioritariamente chefes de família que aqui procuravam encontrar formas de dignificar a vida das suas famílias e a sua valorização profissional.
Foram estas estruturas associativas, que integrando elementos de várias aldeias, iniciaram aquilo que mais tarde se designou por movimento regionalista.
  A sua actividade central cedo ficou marcada por iniciativas que visavam contribuir para o desenvolvimento das terras de origem. Por um lado um conjunto de acções junto de ministérios, procurando jogar conhecimentos e influências regionais no processo que conduzia à dotação de verbas para execução de obras nos concelhos pobres do interior, por outro lado acções directas junto das comunidades através de subscrições públicas ou realização de festas para angariação de fundos, permitindo uma componente executiva na realização de parte dos melhoramentos de carácter social promovidos nas aldeias respectivas.
  O processo foi de tal forma dinâmico, que as estruturas associativas, inicialmente com uma vasta zona geográfica de influência, não conseguiam dar resposta, às aspirações das populações de todas as aldeias, que tomando o exemplo, acabaram por conduzir à descentralização e à generalização de constituição de colectividades regionalistas, quase se poderá dizer, em todas as comunidades das várias aldeias do concelho.
  A União Recreativa do Cadafaz, vai surgir integrada neste movimento descentralizador, seguindo a dinâmica desencadeada nas outras aldeias da freguesia e procurando um espaço próprio de intervenção, já que a Liga de Melhoramentos da Freguesia desenvolvia uma acção alargada a todas as aldeias da freguesia, portanto de âmbito muito vasto.
  A manutenção do posto dos CTT em Cadafaz, vem a estar na base da constituição de uma colectividade pela comunidade cadafazense, com o objectivo de assegurara verbas para o pagamento de uma mensalidade ao encarregado do referido posto.
  «… parece-me um pouco tarde, mas, com boa vontade, iniciativas e boas directrizes, ainda muito se poderá fazer em prol dum pedaço da nossa freguesia que tem estado em apatia sonolenta e mais vale tarde do que nunca…»


António Afonso de Almeida Neves

Carcavelos, 12 de Janeiro de 1961


União Recreativa do Cadafaz, 25 anos da União Recreativa do Cadafaz 1962-1987, Lisboa, 1987

 

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