1983 – 1986
O Carlos Manuel Martins é de novo convidado e eleito
para o lugar de presidente da direcção.
Sem um grande projecto capaz de catalisar a massa
associativa, com limitada capacidade financeira, confrontada com uma situação social
de austeridade que afecta as realizações tradicionais da colectividade
vocacionadas para a angariação de fundos, esta direcção procura os métodos de
trabalho adequados ao seu espaço de intervenção, no entanto e apesar de reunir
um conjunto de elementos de elevada capacidade, não retira daí os dividendos
esperados, as suas vidas profissionais e académicas dificultam a tarefa, pois
as questões associativas exigem muito tempo em trabalhos preparatórios e
disponibilidades para a sua execução.
As tentativas de organizar excursões deparam com o
alheamento da colónia cadafazense, a participação dos associados nos
piqueniques e almoços de aniversário desce aos níveis mais baixos,
desencorajando os directores.
A colectividade procura junto das autarquias locais a
resposta aos anseios da população: limpeza do depósito de água, alargamento do
Largo de Stº António, electrificação da zona urbana da estrada da Candosa,
alcatroamento do Cruzeiro até aos Portos e rua da escola, casa da professora. A
Câmara Municipal executa alguns trabalhos e inclui no plano de actividades
outros, a Junta de Freguesia procede à abertura e beneficiação de caminhos e
colabora na execução de algumas das obras.
A direcção procura adquirir um imóvel de
características tradicionais para instalação de um futuro museu, recebe a
oferta de uma casa do Sr. José Henriques de Almeida, mas o projecto não
encontra eco entre os cadafazenses, refira-se que algumas das pessoas
contactadas para a venda de imóveis pedem valores extremamente elevados, apesar
dos edifícios apresentarem sintomas de degradação.
O moinho eléctrico, melhoramento que tanta canseira
deu aos seus promotores, coloca problemas de gestão financeiras, pois os
hábitos da população alteram-se de forma significativa, são já poucos os que recorrem
à broa, agora que tem melhor poder de compra e o pão de trigo é posto à sua
disposição diariamente, assim à medida que decresce a procura do serviço,
cresce significativamente a taxa de contador e os valores dos consumos de
electricidade. A direcção da União desencadeia um conjunto de acções junto da
EDP, da Câmara Municipal e Assembleia Municipal, mas vê gorada a possibilidade
de atenuar tal situação. O resultado é o maior desânimo na equipa directiva.
A União promove uma reunião com as colectividades da
freguesia na perspectiva de retomar a realização de uma festa convívio entre
todos, no entanto a falta de hábito de um trabalho inter-colectividades cedo
deixou claro a dificuldade em ultrapassar as questões levantadas, as quais no
essencial deixavam visível que a maioria das colectividades estava com reduzida
capacidade organizativa e sem meios humanos para avançar em actividades mais
arrojadas.
Em finais de 1984 o presidente da União desenvolve
intensa actividade junto do Conselho Regional da Casa do Conselho de Góis e é
eleito para a Comissão de Estudo dos Transportes Rodoviários do Concelho de
Góis e mais tarde para a Comissão Promotora da Semana Cultural e Recreativa do
Concelho de Góis que vai constituir um assinalável êxito nos anos 1985 e 1986,
prestigiando o Cadafaz e a colectividade.
Estas iniciativas têm o mérito de contar com uma ampla
participação de jovens goienses e de alguns cadafazenses que colaborando
directamente com o coordenador da Semana Cultural acabam por encontrar
motivação para um maior empenhamento no regionalismo.
As dificuldades de organização interna fazem com que
em 1986 e de 1987 não se realize o tradicional piquenique em Lisboa, apenas
tendo lugar o almoço de aniversário e ainda assim com reduzida participação.
À falta de dinâmica da direcção veio juntar-se o facto
das obras de beneficiação da Casa do Concelho de Góis se arrastarem durante
mais de 1 ano, o que impossibilitou a realização de uma Assembleia Geral que se
vinha impondo. Tal situação apresenta aspectos negativos para a colectividade,
no entanto levou os cadafazenses a repensar o seu posicionamento face à União e
fez despontar o bairrismo e orgulho de alguns dos melhores e mais dedicados
elementos da causa regionalista na colectividade, no seu passado de glória e
prestígio. Mesmo assim, foi reduzida a participação da Assembleia Geral
realizada em 1987, na qual pela 1ª vez a colectividade esteve na eminência de
um vazio directivo, face à ausência da lista de candidatos aos seus Corpos
Gerentes, no entanto, a compreensão de uns, o espírito de sacrifício de outros,
e a consciência colectiva de amor ao Cadafaz e à União Recreativa do Cadafaz,
permitiu a constituição e eleição de uma equipa directiva, que tem o grande
mérito de ser constituída por pessoas verdadeiramente empenhadas em colaborar
nas tarefas do desenvolvimento e engrandecimento do Cadafaz.
União
Recreativa do Cadafaz, 25 anos da União
Recreativa do Cadafaz 1962-1987, Lisboa, 1987